Sobre a doutrina do Purgatório.

Paz e Bem !

No Evangelho de  Lucas 12,  54-59, Jesus nos manda estar atentos ao sinais do tempo  presente,  e procurarmos  não julgar as ofensas, mas antes, buscar  a reconciliação , pois que , se a demanda for parar nos tribunais, poderemos ser  entregues ao Juiz, que poderá nos levar ao guarda, que nos lançará na prisão > “ de onde não sairemos até que paguemos o último centavo”

Deste ensinamento podemos extrair duas lições de Jesus> a primeira é o valor da reconciliação, do perdão, de resolver nossas pendências de coração a coração, isso nos remete àquela outra lição do Senhor em Mateus 5, 23-24, que trata do mesmo assunto  “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.”

Mas a chave do Evangelho de Lucas está nesta frase de Jesus > “serás lançado na prisão”, e dali não se sai “enquanto não pagar o último centavo”.

E aqui está o segundo ensinamento, que esta prisão é temporária, pois dali não sairemos até termos pago à justiça divina toda nossa dívida, “até o último centavo”. Mas um dia haveremos de sair. A condenação neste caso não é eterna.

E na 1 Carta de São Pedro, 3, 19 podemos ler : “ É neste mesmo espírito que ele ( Jesus) ,  foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes,”  e na sequência , no 4, 6 : “Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos; para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito.”

Ora, se  Cristo foi pregar “àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes”. Percebemos então que existe  um “estado” onde as almas dos antepassados aguardavam a salvação.

Não é um lugar de tormento eterno, mas também não é um lugar de alegria eterna na presença de Deus, não é o céu. É um “lugar” onde os espíritos aguardam a salvação e purificação comunicada pelo próprio Cristo. A purificação >  é o sentido do purgatório , o estado de ser  onde se “purga” o espírito para alcançar a santidade, aquilo que o autor da Carta aos  Hebreus nos aconselha>  “Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor.” Hb. 12.14.

O Purgatório não é um lugar , físico, é antes um estado de purificação, para que possamos comparecer diante de Deus de forma santa.

Por fim São Paulo nos alerta sobre a “certeza” que muitos já possuem de estarem “salvos”:

Assim, meus caríssimos, vós que sempre fostes obedientes, trabalhai na vossa salvação com temor e tremor, não só como quando eu estava entre vós, mas muito mais agora na minha ausência. (Fp, 2, 12)

Estamos trabalhando por isso, ou já somos senhores de nossa própria salvação?

Frei Bento , irmão menor e pecador.